O governo Lecornu “só se mantém unido pelo medo dos eleitores”
Em sua declaração de política geral na terça-feira, 14 de outubro, o primeiro-ministro anunciou sua intenção de suspender a reforma da previdência, uma das condições impostas pelo Partido Socialista para não censurar o governo. O governo está disposto a fazer tudo para adiar "o momento em que a democracia recuperará seus direitos", segundo o correspondente em Paris do jornal suíço "Le Temps", nesta coluna publicada antes do discurso.
Um dos argumentos de Marine Le Pen nos últimos dias acerta em cheio. Quando afirma que o único objetivo dos partidos dispostos a garantir a sobrevivência do governo Lecornu é evitar novas eleições legislativas, infelizmente não está totalmente errada. Ciente das interpretações dramáticas que essa observação implica, ela repete até a exaustão que Emmanuel Macron agora só fala com "partidos políticos que buscam evitar as eleições, [...] dispostos a fazer qualquer compromisso para não sofrer a punição dos eleitores".
É claro que o caminho da razão é encontrar neste cenário político despedaçado em mil pedaços uma base (ou melhor, uma "plataforma de estabilidade", como dizem agora) para fazer concessões e dar à França um orçamento. O futuro e a saúde econômica do país dependem disso. Há aqui e ali sinceridade no envolvimento de uns e outros em prol desse objetivo. Mas o espetáculo desajeitado das reuniões secretas que se arrastam há semanas está repleto de consequências. E esconder sua principal motivação seria má-fé.
Como explicar positivamente num sistema tão vertical, tão habituado ao facto maioritário, a possível existência de tal acoplamento, tendo em vista
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